quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sem parar

Correu tanto, tão rápido, que nem viu a vida passar.
Não viu a cor da rosa que relava na janela no quarto.
Não viu a cicatriz desenhada de tanto trombar na pressa.
Nem a rachadura no canto da parede da sala.
Nem a correspondência anônima de alguém que amava.
Correu tanto, tão rápido, que mal passou pela vida.
Não ouviu a história que a mãe contava.
Não ouvia a crítica que o sábio dava.
Nem a música orquestrada pelo vento e as folhas.
Nem o sussurro de alguém que amava.
Correu tanto, tão rápido, que passou mal pela vida.
Não viveu o momento que insistiu em acontecer.
Não viveu a alegria de tranquilo adormecer.
Nem o êxtase de acertar e reconhecer.
Nem a maturidade de errar e não sofrer.
Correu tanto, tão rápido, que nem viu a vida acabar.