Manso

manso

veio ele

me acordar

e despir

os sonhos

do meu sono

veio lento

com seu jeito

manso

deixando tenso

os meus olhos

sensíveis à luz

dia,

por um dia

gostaria

de dormir

e acordar

sozinha

Incidentes

olhos inchados

de tanto dormir

visto a roupa ao contrário

tropeço no corredor

babo a água que bebo

deixo a bolsa cair

perco a hora

me perco

me desencontro

bem no dia

do nosso encontro

Verso

no verso

da folha

amarelada

de dedos

guardei um verso

para mais tarde

a tarde passou

e foi tarde demais

para lembrar

do verso

no verso

da folha

amarelada

de dedos

Letargia

a cabeça,

escorada

no vidro

o balanço

do vagão

se encarregava

de embalar

o sono

um acumulado

de dias

de amores

de dores

Nós

os fios

cheios

de pontas duplas

davam nós

nas pontas

juntas

e bagunçadas

as pontas

com nós

apontavam

para todos

os lados

descabelada

bela estava

Controle remoto

apertaram

uma tecla

no meu

controle remoto

antes fosse

a  >>

ou então

a  <<

menos mal

seria ainda

se fosse

a  II

mas não

nada disso

apertaram

logo ela

a SAP