segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Amor impróprio

Quando deu por si estava perdido. Nada que o tenha feito assustar, afinal, perdido já se sentia há tempos. Por um instante pensou nos filhos e mulher. Lindas crianças, ótima companheira. Por outro instante se culpou pela ausência e desapego. Não esteve próximo o quanto achou que estava, não se entregou ao amor o quanto deveria. No meio da mata fechada, o coração foi fechando aos poucos, assim como seus olhos. Apertada, a lágrima caiu e, com ela, a forte chuva. Ficou ali, parado, tentando lavar a alma. Adormeceu com frio e acordou com fome. Pensou na vida (...). Imaginou se agiria diferente e soube que não merecia uma segunda chance. Rezou pelos filhos, desculpou-se para com a esposa e pôs-se a andar. Não comeu para que suas forças acabassem aos poucos. Dias percorridos a pé, magro e sujo de
terra, sentiu-se finalmente limpo e leve. De tão leve, subiu aos céus.