olheiras
de uma noite
mal dormida
mal vivida
que fecha
o que foi
um dia lindo
de sol
se o tempo
fecha
no fim
do dia
nada disso
acontecia
se chove
no fim
do dia
a rua alaga
a roupa
encharca
o pé ensopa
a alma, lava
os cantos
com suas pontas
raspam
e rasgam
o que rente
deles
passam
quadrado
triângulo
tanto faz
quantos cantos
as formas
que seguram
a cama
parecem feitas
para deixar
pernas disformes
depois
da faxina
com cloro
sempre ficam
manchas
encardidas
emoldurando
os azulejos
tão claras
de se ver
por olhos
escuros
e cansados
líquido transparente
um mal necessário
para tirar
a graxa
que não se vê
mas que gruda
nas partes
extremas
e externas
pote fiel
que carrego
e, quando a sujeira
interna
aperta,
bebo