estampam
panos de chão
xadrez
flor
bola
risco
coração
nem a sujeira
tem o direito
de ser ela mesma:
apenas grudar
e encardir o pano
metem-lhe
uma estampa
na cara
nunca vi
sujeira precisar
de maquiagem
entre a prece
e a maldição
existe um espaço
sem medida
profundidade que não
sei
que apenas sinto
na ausência
de palavras
arrisco a chamar
esse hiato largo
de poesia
pobre de quem
espera fogo
caos
alarde
em desastres
naturais
os piores
chegam de uma vez
em silêncio
te racham
ao meio
ninguém percebe
nem presta
socorro
nos jornais
destaque para o gol
do craque
ou para a bolsa
de desvalores
imagem de santo
em cima da mesa
pede proteção
para lares
onde o amor
tem crises
bipolares
mãos habilidosas
para moldar
barro
unir tecidos
pincelar porcelanas
transformar
o que não é
no que será
as mesmas mãos
habilidosas
para enforcar
sentimentos
transformar
o que seria
no que nunca
será
sete dias
se passaram
do novo ano
e um velho hábito
continua
em sete dias
já somo
duas novas
paixões
conselhos chegam
sem que você
peça
outras coisas
você pede
chuva
comida
abraço
mas conselhos
você não pede
e eles chegam
mesmo assim
queria eu
ser conselho
e apenas chegar
sem pedidos
sem ser impedida
sem unhas feitas
sem maquiagem
sem roupa cara
sem salto
sem vergonha
vesti
apenas poesia
para te ver
não agradei.
você esperava mais.