o café passado
duas vezes
no mesmo filtro
no meio
de uma manhã
de domingo
me lembra
que a vida
pode ser
inteira
a mim
não cabe
o palco
nasci
pra viver miúdo
enxergar
o que há no vão
na palma da mão
no miolo do pão
viver à margem
mergulhar na lágrima
explorar o poro
dissecar a dor
a mim
não cabe
palco
nem palanque
respeito menos
o aplauso
que o silêncio