Tinha dois problemas: estava acima do peso e era um mentiroso
compulsivo. O primeiro deles era genético, herdado das famílias do pai e da
mãe. O segundo foi adquirido; tornou-se crônico.
Sabia que algo precisava mudar. Como não tinha disciplina para tentar
resolver um problema de cada vez, adotou uma tática drástica para perder os
quilos e as mentiras que sobravam: para cada mentira contada, uma refeição a
menos.
No início foi difícil. Chegou a passar dias seguidos sem comer – o que
era uma tortura para uma boca acostumada a mastigar frituras e cuspir calúnias o
tempo todo e sem peso na consciência.
Um deslize aqui, outro ali, foi seguindo com a dieta em sua rotina.
Parecia estar dando resultado. Semanas depois, não acordou para ir ao trabalho.
Havia morrido dormindo.
No laudo médico, o motivo da morte: desnutrição.
No laudo moral: não sobreviveu à verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário