o mapa
dobrado ao meio
e ao meio
e ao meio
e ao meio
desgastou
as estradas conhecidas
no lugar delas
agora há
espaços em branco
caminhos
para o desconhecido
um dia
fui viver de paisagem
tudo o que via
era miúdo e perfeito
longe dos olhos
não há rachadura
defeito
nem o que foi desfeito
já de perto,
não sei porquê,
quase tudo tem erro
até o cabelo
da moça mais linda
visto sem lupa
tem ponta dupla
quando tudo
estava pesado demais
e a voz dentro
insistia em gritar
ela segurava
o grito
em seu silêncio
desabafava com os pés
criando tsunamis
em poças d’água
machuquei
a árvore
para não perder
a poesia
era só o que tinha:
eu
a árvore
e uma pedra
achada no chão
tatuei
os versos
no tronco
sem pedir
permissão