quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Decomposição

nunca guardo
poemas
na gaveta

na gaveta
guardo
a lixa de unha
os remédios
o colírio
o halls preto
o isqueiro
os incensos

na gaveta
guardo até
os cartões de visita
que nem sei
onde peguei

mas nunca
nunca guardo
poemas

na gaveta
não guardo
perecíveis

poesia
é instante

2 comentários:

  1. Quintana dizia, não lembro onde e, portanto, provavelmente também não as palavras exatas, "quanto trabalho fazer um poema com o frescor de ter sido escrito agora!"
    Claro que hoje em dia, em tempos de computador, as gavetas não têm mais poemas, estes estão em clusters de HDs, mas o poema ainda tem o frescor do instante em que (re)nasce no interior do leitor.

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