segunda-feira, 1 de julho de 2013

Dia frígido

As lentes dos óculos embaçavam com o calor do corpo. Na rua, por volta dos quatorze graus - bem mais frio do que ele imaginava que estaria. Naturalmente, não vestia um casaco reforçado e usava calças de tecido fino. Sentia os pelos das pernas arrepiarem a cada vento que batia contra seu corpo. Andava com pressa, apesar das pernas duras e dos músculos contraídos. Como sempre, comprava um pingado na lanchonete próxima ao trabalho. Desta vez, pediu dois. Tomou um no balcão e embrulhou o outro para viagem. Quatro reais. Pagou com moedas. Quatro moedas de um real. O dono da lanchonete, um senhor barrigudo e de cara fechada, pegou as moedas e enfiou no bolso do avental encardido.


Seguiu seu caminho. Atravessou a rua, andou mais alguns metros e entrou no escritório. Ligou o computador e, enquanto a máquina pensava, tomou o outro pingado e foi ao banheiro. Voltou para sua mesa, sentou, afastou a cortina que encobria a janela e começou a checar os e-mails. Dois novos deles na caixa de entrada. O primeiro, um vírus. Cobrança. O segundo, a ex-namorada. Cobranças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário